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O homem projeta no mundo aquilo que esconde de si, aquilo que não assume, aquilo de que se envergonha, enfim, o homem acaba sendo melhor avaliado pelos outros do que por si mesmo, pois acaba agindo diante de forte influência dos seus conteúdos emocionais e psíquicos. Prefere culpar demônios, obsessores, etc. pela força responsável pelo seu descontrole do que buscar um reencontro com a própria alma.
Tenta convencer-se de que não é invejoso, mas se mostra incapaz de conter os sentimentos de ódio diante do sucesso alheio, tenta mostrar-se humilde, mas sonha com a admiração e o respeito dos outros; tenta mostrar-se pacífico diante das convenções sociais, mas acaba dando azo aos instintos mais primitivos quando encontra-se no ambiente doméstico. Infelizmente a humanidade expressa a mais profunda esquizofrenia e convive com alternâncias constantes de humor e personalidade, justamente por não assumir-se dentro de toda a sua complexidade.
O ser humano comum, via de regra, adota modelos de comportamento que se ajustam aos diversos meios em que vive, muitas vezes, completamente distante da própria essência, com isso, acaba contaminando seu psiquismo com trejeitos, costumes e maneirismos externos que não correspondem a sua verdade, apenas criam cárceres mentais. Ele não entende que agindo assim, perde toda conexão com a própria alma e deixa de ouvir as demandas que traz por crescimento. Não percebe deixa de conhecer-se e ouvir-se e no final das contas envolve-se em novelos que terão que ser desenrolados em algum momento.
A grande maioria tem dificuldades em assumir-se, vive em uma constante busca por aprovação e anda de pires na mão atrás de afeto e aceitação. Isso ocorre com quase todo mundo, simplesmente por falta de auto aceitação, consequentemente, falta de autoestima; com tudo isso, o sujeito coloca-se na condição de escravo, transferindo todo o poder que deveria ter sobre si para o outro, vivendo sob o jugo do mundo externo. Esse mesmo mundo que agoniza dentro uma realidade anacrônica e caótica.
O ser humano cabe conhecer-se melhor, ou pelo menos, reconciliar-se com a própria alma. Podemos buscar inúmeras explicações para a nossa realidade, mas o fato é que não há outra razão para estarmos aqui, vivendo essa experiência corporal cheia de provas e obstáculos, que não a de nos reencontrarmos com tudo aquilo que negamos e, de alguma forma, relutamos em resolver. Ninguém jamais poderá livrar-se da própria sombra, a única forma de encontrar a paz é iluminando-se e para ter êxito nesse empreendimento será necessário olharmos para as trevas que teimamos em ignorar, enfrentar os desconfortos que insistimos em esconder.
O silêncio e o diálogo consigo mesmo surgem como ferramentas indispensáveis nesse processo de transformação. É preciso assumir o controle desse Reino Interior que vive em profunda convulsão, sentar no trono do próprio ser e decretar novas verdades. É preciso rasgar a constituição antiga e criar uma nova, onde novas leis possam mudar o velho panorama mental.
Você é um Deus, todo poder emana de sua Essência, não permita que ela fique reduzida à mera condição de observadora passiva. Acredite, existe uma parte do teu ser que espera que você organize a casa para poder manifestar-se em sua plenitude.
Você não é a mente, você apenas está preso na mente.
Jung costumava dizer que nascemos únicos e morremos cópias e é verdade, fugimos tanto daquilo que somos que o resultado é a mais absurda rendição ao domínio externo. Os padrões de comportamento só servem para uniformizar as massas, com isso, todo tipo de controle é possível. Infelizmente, poucos renunciam às influências do meio, poucos conseguem lidar com as culpas e remorsos que os inferiorizam, poucos compreendem que as transgressões à esses modelos impostos não deveriam continuar reverberando no inconsciente e determinando processos de auto flagelação na vida, poucos aprenderam a se perdoar e aceitar a própria realidade e poucos conseguem olhar o passado como um laboratório onde através de experiências são angariados os conhecimentos.
Infelizmente, poucos conseguiram se desidentificar das ilusões de um personagem criado com os elementos da própria ignorância.
Liberte-se!