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O homem mental vive em um sono profundo, hipnotizado, como um cachorro olhando a máquina de assar frangos. Está completamente preso dentro da mente, entorpecido como os lotófagos do poema de Homero e correndo atrás do próprio rabo com a esperança de algum dia poder alcançá-lo. É apenas um personagem conduzido por dispositivos introduzidos por inúmeras crenças.
O homem consciencial é livre, desperto, não olha mais para fora e já entende que o mundo não deve ser levado a sério.
É preciso acordar. Nada daquilo que prende nossa atenção é real. Acreditamos que os pensamentos que se alternam em nossa tela mental definem quem somos, mas estamos errados, os pensamentos não são nada mais do que o enredo desajustado das nossas emoções.
“Penso, logo existo?” Será que Decarte estava certo ao dizer que o pensar prova o existir? Talvez, mas antes do ‘pensar’ existe o ‘sentir’, ninguém é capaz de produzir pensamentos sem antes ter o sentimento. O mais correto, portanto, seria “sinto, logo existo”.
Os pensamentos são passivos, paisagens inúteis que não deveriam prender nossa atenção, mas o grande problema é que não nos colocamos, como deveríamos, na condição de espectadores dessa paisagem teatral, pelo contrário, revestimos esse espetáculo com mais e mais emoções e passamos a nos sentir dentro dele, como atores, perdendo completamente a noção da realidade. Criamos e vivemos dentro de um drama sem fim, incorporando personagens que se multiplicam dentro da gente e que continuarão existindo dentro de uma saga e constantes retornos nessa Roda de Samsara.
Existe uma força interior, dentro de cada Ser, querendo mudar tudo isso. Ela é responsável pela força transformadora que trabalha pelo nosso desenvolvimento. Toda dor, todo sofrimento, todas as dificuldades e experiências da saga evolutiva de cada pessoa sofre com o determinismo desta instância mais elevada da alma. Jesus a chamava de Pai, Moisés de Jeová, Maomé de Allah e muitas tradições religiosas consideram essa força o próprio Deus.
Na verdade essa divindade somos nós mesmos, uma estrutura da nossa psique menos contaminada pelas energias do akasha. O Espírito (com “E” maiúsculo) que busca meios de expandir a própria consciência sem a inflação das ilusões mundanas.
O sofrimento é um mal necessário, é preciso considerá-lo como um aliado, pois será o nosso guia para a realidade.
As culturas milenares do oriente sabem disso. Criaram inúmeras formas de buscarmos um controle sobre a mente, especialmente através da meditação. Ramakrishna tratou a mente como um macaco bêbado, pegando fogo e picado por um escorpião. Nos ensina que é preciso apagar o fogo, retirar o álcool, extrair o veneno e, quando só houver o macaco, destruí-lo.
O homem precisa entender o que ele não é para conhecer aquilo que ele é.